segunda-feira, 11 de março de 2013

História do rock paraisense e o Grito Rock

Os Sapos
 É comum escutarmos críticas sobre o cenário de rock não tão bem definido e pouco fiel, o escasso apoio e a falta de boas casas de show e bares em São Sebastião do Paraíso. Verdade ou não, essa história já foi bem diferente. O rock paraisense já foi modelo e esbanjava qualidade. A primeira banda que se tem notícia, no maior estilo Beatles, foi Os Sapos. Eles cativaram tanto o público, que chegaram a se apresentar na televisão nas redes Itacolomi e até TV Tupi e causavam alvoroço nas cidades por onde passavam, tendo até suas roupas rasgadas por meninas, atitude tão anos 60. 
Passada toda a febre “bom moços”, já nos anos 70, foi a vez da banda “Feitiço” assumir os palcos, refletindo outra época, com sons do Pink Floyd, Santana e Bill Haley and the Comets. Arthur Henrique, integrante das duas primeiras bandas citadas, ainda criou a “Band Aids”, nos anos 80, a qual também reflete o começo das feiras de exposições na Expar e as “brincadeiras dançantes” da Escola Estadual Paraisense. Nessa época, o rock foi criando raízes na cidade e começou a se espalhar entre os jovens, não só de maneira profissional, mas no melhor estilo banda de garagem - que toca Led Zeppelin, Van Halen e Alice Cooper. Já nos anos 90, o rock tomou proporções mais profissionais e surgiram várias bandas que tocavam na noite, entre elas a banda Eclipse - que viajou o Brasil por 10 anos tocando. 
Banda Blaa no Zyon
Em 1992, foi feito o 1º Rock Fest – iniciativa conjunta do antigo bar JR Silão, Ricardo Alexandre e Valmir Bononi -, na cidade, que contou com a presença das banda Eclipses e Rock n’ Cover e da banda francana Alquimia. Bem, até o rock extremo já foi representado na cidade com a banda Death Metal. É importante também relembrar o Porão Bar. Lá foi o palco das manifestações de rock no final do século XX e início dos anos 2000. O lugar recebia, praticamente, todo final de semana algum grupo de rock. 
The Pippers no Bistrô Bar
Quem viveu a época, certamente recorda o show épico cover da Janis Joplin que aconteceu lá e além de lotar a casa, registrou uma vibe incrível. Com o tempo, o Porão foi transferindo-se para um estúdio de tatuagens, o Zyon Tattoo, mas mesmo assim o espaço era cedido para bandas, demonstrando bastante apoio a cena. Dessa época, é importante citar as bandas Krust, Mr Burns e Us Cara (em 98) e mais tarde 200 cigarros, The Prophets, Nefelins, Blaa – banda que nunca achou muito apoio na cidade, mas que ainda está na ativa, até com composições próprias-, Revolver, Sexo Frágil, 4punx, Destroyer - que era mais Metal -, Play Loud e Sala 3. 
O preço dos ingressos era de apenas R$1,00 e, claro, os festivais lotavam. Depois, o estúdio fechou e tivemos, no mesmo local, o Bistrô Bar, que lotava ao som da Custom, Pólvora Vermouth e da The Pippers. 
Nessa época, começou-se a organizar mais festivais em outros pontos da cidade, mas tudo por iniciativa da própria galera. Já nos últimos anos, contamos com algumas dessas bandas antigas que ainda estão unidas e com prestígio regional e com novas, como The Benders, Over Sun e Bastardos, todas tentando restaurar essa tradição do rock, junto com o Único Lounge Bar e o Shamrock Pub, que recebem nomes de peso da cena. Agora, provavelmente, é a hora em que eu explico o porquê de toda essa retrospectiva que foi quase uma aula sobre o rock paraisense, rs. É simples: 
Ainda nessa tentativa de restaurar o rock nacional, aconteceu em Paraíso, no dia 10 de março, o Festival Grito Rock Paraíso, que apresentou bandas da cidade e de Ribeirão Preto e idealizou, além de exaltar o rock, dar atenção a outras áreas culturais como as Artes Cênicas e o Grafite e atuar com Ação Social.O evento foi incrível: a chuva cedeu, a galera compareceu, a música uniu e a energia estava maravilhosa. Acredito que em todos ficou um "quero mais". Fiquei pensando na correria dos organizadores para realizar esse evento, que foi beneficiente - arrecadando alimentos - e contou com a colaboração de tanta gente, e em como iniciativas respeitáveis como essa deveriam se tornar mais frequentes em Paraíso. É com a arte, a música e o conhecimento que nos tornamos melhores e isso é tão negligenciado por aqui. Talvez o maior grito não foi nem só do rock, mas do jovem que está exigindo esse espaço cultural na cidade. Continuem gritando. 







Agradecimentos a Rafael Cardoso, Maíra Pádua, Fábio Bugança, Junior Bubys, André Cruvinel e João Pedro Almeida pela colaboração com o artigo. E a Júlia Coelho, Kamyla Passos e Lígia Soares pelas fotografias.

Por Julia Cruvinel

Um comentário:

  1. Hi! This is my first comment here so I just wanted to give a quick shout out and say I genuinely enjoy reading your blog posts. Can you recommend any other Beauty Write For Us blogs that go over the same topics? Thanks a ton!!

    ResponderExcluir