quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Especial Halloween - The Rocky Horror Picture Show: comédia satírica para marginalizados


Hoje é Halloween ou, no português, Dia das Bruxas e, apesar de não ser tão famoso no Brasil, representa um dia importante na cultura mundial. Há muitas controversas sobre a origem dessa comemoração, propondo versões católicas e pagãs – que incluem teorias de ocultismo; mas não é esse o foco do post, rs. Só para esclarecer, a origem do Halloween vem de tradições dos povos que habitaram a Gália e a Grã-Bretanha, entre 600 a.C. e 800 d.C. e, na época, não tinha a menor relação com bruxas: era apenas um festival do calendário celta que marcava o fim do verão (Samhain). Os doces, as fantasias de monstros, abóboras e a famosa “Gostosuras ou travessuras?” vieram bem depois, por influência dos Estados Unidos.

O Halloween é uma celebração da pluralidade, dos marginalizados e envolve dois mundos. O primeiro é idealizado; para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome ou dor e você pudesse ser quem quisesse. Já o outro, a realidade, era bem diferente; deveríamos nos ‘fantasiar’ todos os dias, para estarmos dentro dos padrões da sociedade. É um dia para livrarmos nossos ‘monstros’ internos e para sermos livres.
Sobre não ser muito comemorado no Brasil, tenho duas hipóteses. Ou é porque somos tão diferentes como povo que respeitamos essas diferenças diariamente – o que não ‘colou’ muito; ou é porque preferimos nem mesmo ter um dia para celebrar isso.  Para corroborar minha teoria, nada como um filme épico – pouco conhecido aqui no Brasil.

The Rocky Horror Picture Show
Dr. Frank, Brad e Janet
O RHPS é um musical de 1975 de Jim Sharman e Richard O’Brien. O filme faz uma viagem psicodélica pelo universo do rock, da comédia e do terror.  É sem dúvida um dos filmes mais loucos e sem sentido que já vi. Mas isso não significa que é ruim; muito pelo contrário, é divertido, critico e faz você – se for um marginalizado, diferente, ‘underdog’ – se sentir identificado. Em uma música eles dizem: “Queimando brilhante, há uma estrela-guia/ Não importa o que ou quem você é./ Há uma luz além do lugar do Frankestein”.

Basicamente o contexto do filme é: Brad e Janet são dois jovens noivos que decidem visitar um antigo professor, o Dr. Scott. Mas no caminho o pneu fura e eles acabam tendo que ir pedir ajuda em um castelo no meio da estrada. Para surpresa total, o castelo é de um cientista louco, travesti e transexual chamado Dr. Frank-N-Furter – sim, é uma paródia de Frankenstein. Esse cientista está trabalhando em um projeto no mínimo exótico: a criação de um homem perfeito, Rocky, que é loiro, com pele dourada e barriga 'tanquinho', além de sempre estar sem camisa.
É tudo meio que uma alegoria. 
Brad tem uma personalidade enrustida e julga saber tudo sobre o mundo e Janet é uma reprimida que busca se libertar das regras impostas pela sociedade. Dr. Frank personifica tudo o que não é convencional e expressa uma ruptura, um sentimento de liberdade não só sexual, mas sobre qualquer coisa.Tem uma cena muito interessante em que ele canta “Não sonhe que é, seja!” e isso gera todo um choque. O Dr. Scott representa ‘a sociedade’ – a razão, a lei – e tenta prender Dr. Frank. Logo, fica explícita a repressão da ‘sociedade’ contra o desigual. Durante o filme, o casal 'bonzinho' vai mostrando sua verdadeira personalidade e no final, são dois devassos.
Também há uma referência há aquele mundo real que citei acima em “E neste pobre planeta restou um bando de insetos/ De raça humana se chamou/ Perdidos no tempo, no espaço e na dor... Na dor”. 
Enfim, o filme apesar de louco e satírico - por isso tanto exagero - é uma crítica áspera sobre a sociedade, tem uma trilha sonora genial, vários (d)efeitos especiais - que são engraçados de tão ruins- e identificou tanta gente, que chegou a se manter em cartaz por cinco anos em alguns países. No Brasil, ele foi lançado só depois de cinco anos e não agradou muito o público, apesar de posteriormente ter-se feito a peça com a participação da, na época iniciante, Marisa Monte.

Alguns dos números musicais mais épicos: 




Por fim, vamos comemorar o Dia das Bruxas, celebrando mais que isso nossas diferenças, personalidades e opiniões. O Halloween é um dia para se ser quem quiser - não apenas sonhando - e nos orgulhar disso. Espero que vocês aproveitem esse dia! ;)

Por Julia Cruvinel

Um comentário:

  1. Eu aproveitei esse dia para tirar onda com o povo da escola e parabenizar as bruxas da vida! aushuashauh
    http://oicarolina.wordpress.com

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