segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Le Cinéma e Amélie Poulain

Bem, ao ouvir sobre cinema, é comum o associarmos a Hollywood, aos Estados Unidos ou até mesmo a tão popular e rico hoje em dia, Bollywood (cinema indiano). Mas não foi bem assim que tudo começou. Ao analisarmos a história do cinema, descobrimos a essencialidade da França nesse meio de manifestação cultural. Eu poderia dizer que essa importância deve-se a seu pioneirismo tecnológico, os franceses – os irmãos Lumière, no Salão Grand Café em Paris - foram os primeiros que fizeram uma apresentação pública de um invento chamado “Cinematógrafo” que causou comoção geral na plateia de pouco mais de 30 pessoas e, em pouco tempo, se alastrou pela Europa; antes ainda, os irmãos - também franceses - Ampére (sim, os da corrente elétrica na física) inventaram as primeiras câmeras, possibilitando as filmagens.

Mas não, acredito que o diferencial francês foi fazer um cinema brilhante, inovador e minimamente trabalhado. Quero dizer, sabe quando os filmes eram em preto e branco, mudos e com (d)efeitos especiais? Então, seus criadores gastavam horas e horas trabalhando neles, desde a parte de produção, figurino, trilha sonora, escolha do elenco, fotografia, efeitos ... E depois editavam os filmes manualmente. Sim, naquela época, as câmeras eram de filme, daí, a partir dos negativos, era possível manipular e criar uma explosão, por exemplo, desenhando-a no negativo, ou cortar uma cena indesejada simplesmente cortando o pedaço. O grande mestre disso foi o ilusionista Georges Méliès. Seu trabalho mais conhecido foi “Le voyage dans la Lune” que, mais que isso, foi a primeira ficção científica e o primeiro filme sobre alienígenas. A cena épica do filme é quando uma nave pousa no olho do “Homem lua”. Agora imagina produzir-se uma cena assim ano de 1902. Um pouco mais sobre a história de Georges pode ser encontrada no livro e no filme “A invenção de Hugo Cabret” – que é maravilhoso e mostra o funcionamento desse procedimento. 
Além de todo o cuidado com a edição, é preciso citar a intensidade das narrações, com temas sempre tão profundos e cenas que realmente emocionam. Eles têm uma perícia incrível em unir realidade e fantasia, com histórias que nos identificamos. Ainda, a fotografia mexe muito com a oposição de cores e a saturação, que, além de prender nossa atenção, exaltam a emoção do enredo. A trilha sonora, sempre impecável. Bom, hoje, o cinema francês está cada vez mais apurado e é o mais dinâmico da Europa. Poderia indicar os filmes “O ódio” – que é bem vintage -, “Os coristas”, “Léon: the Professional” – que tem a Natalie Portman com apenas 12 anos – e “Potiche, esposa troféu” – incrível filme do Ozon sobre o feminismo.


Mas não poderia deixar exaltam um pouco mais o meu clássico preferido: Le fabuleux destin d’Amélie Poulain. O filme conta a história de uma menina que cresceu isolada. Isso porque, nas consultas mensais que ela tinha com seu pai, que era médico, seu coração batia acelerado. Esse era o único contato familiar que ela possuía, por isso ficava tão exaltada. Daí acharam que ela tinha uma anomalia no coração e privaram do mundo externo. Não é super fofo e bem pensado? Como se não bastasse, logo sua mãe morre e ela fica cada vez mais solitária. 
Tudo muda no dia em que ela, já adulta, encontra no banheiro de seu apartamento uma caixinha de 
pertences de uma criança, que havia morado lá. Ela
 faz uma super busca e acaba encontrando o dono, que fica totalmente feliz, mas não descobre quem realizou a boa ação. A partir daí, Amélie tem um novo objetivo: realizar, a partir das mínimas coisas, a felicidade das pessoas. E não pensem que foi fácil, o filme é bem realista ao mostrar que nem sempre as coisas dão certo. Uma coisa que ela fala e que eu gosto de relacionar a personagem é "Talvez ela apenas seja diferente", isto é, Amélie não é como os outros; ela se preocupa, aproveita cada momento e se permite ser exatamente o que é. A  jornada altruísta é surpreendente, emocionante e com certeza, muda o telespectador. Além disso, tem a cinematografia mais incrível que já vi. Um filme inesquecível.  

Por Julia Cruvinel




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